O TACHO

Ardendo no tacho

queimando na pele

fervendo na alma

o dendê tá no sangue

brilhando no sol

espalhando no ar

essa força ardente

que faz nosso povo dançar

Lucas; O poeta;

A série "O Tacho" nasce de uma visão única, onde o fogo da criatividade se encontra com a essência vibrante da Bahia. Neste universo, bailarinos, outrora pertencentes ao renomado Balé Folclórico da Bahia, emergem como figuras centrais de uma narrativa que transcende a simples performance. Eles se tornam portadores de uma mensagem maior, uma ode à riqueza cultural e ao calor humano que define o espírito baiano.

A escolha do azeite de dendê como meio não é casual, mas sim uma declaração poética. Este líquido, tão carregado de história e significado, transforma-se em tinta nas mãos do artista, deslizando sobre a pele dos bailarinos em um balé próprio. Cada movimento, cada gesto, deixa marcas aleatórias que são mais do que simples manchas; são a expressão física do ritmo, da paixão e da alma do povo baiano.

As imagens capturadas nesta série são dinâmicas, quase palpáveis, como se pudéssemos sentir o calor e o aroma do dendê apenas ao olhá-las. O fotógrafo, através de sua lente, convida o espectador a mergulhar em um mundo onde a dança e o fogo se entrelaçam, onde a cultura não é apenas observada, mas sentida. A utilização do azeite de dendê, elemento tão vital na culinária e na cultura afro-brasileira, é uma homenagem à ancestralidade e à contínua reinvenção da tradição.

"O Tacho" é, em essência, uma viagem sensorial. Uma jornada que desafia as convenções e celebra a beleza encontrada na fusão do movimento humano com a natureza. É um convite a reconhecer e apreciar o poder da arte em conectar pessoas, histórias e tradições, mantendo viva a chama da identidade cultural em um mundo em constante mudança.

Através desta série, somos lembrados da importância de preservar e honrar nossas raízes, ao mesmo tempo em que exploramos novas formas de expressão. "O Tacho" não é apenas uma coleção de fotografias; é uma experiência, um sentimento, um tributo ao espírito indomável do povo baiano e à sua capacidade de transformar o ordinário em extraordinário.