Tears at Wind

Fine Art Series | 05/07/2024

No véu da noite, sob luzes a dançar,  

Uma musa calada, seu brilho a ofuscar.  

Lágrimas ao vento, em silêncio a flutuar,  

No olhar fechado, mundos a sonhar.


Glitter azul, a pele a adornar,  

Gotas de água, o caminho a traçar.  

Entre espelhos, a magia a se multiplicar,  

Em lágrimas que voam, sem destino, a vagar.


No reino de Oxum, águas doces a cantar,  

Reflete a beleza, que o coração vem tocar.  

Lágrimas ao vento, em um doce embalar,  

Numa dança etérea, que nunca cessará.

A série "Lágrimas ao Vento" nasce de um momento de ócio transformado em pura inspiração. O início desse projeto foi marcado por uma casualidade que se revelou como um ato de criação singular. Convidando uma modelo careca para uma sessão de fotos, a arte tomou forma sob duas fontes de luz com cores complementares, desvendando uma atmosfera de encanto e profundidade.


Cada imagem da série é um convite para adentrar um mundo onde o tangível e o intangível se encontram. A modelo, com o rosto coberto de glitter azul, torna-se a personificação de uma entidade etérea, com olhos fechados, como se estivesse em um estado de introspecção profunda. Gotas de água atravessam a cena, criando uma interação dinâmica de elementos que refletem e se multiplicam entre espelhos posicionados estrategicamente. Essa interação gera uma sensação de infinitude, onde as lágrimas, símbolos de emoção e sensibilidade, parecem voar livremente, levadas pelo vento.


Além do aspecto visual hipnotizante, a série "Lágrimas ao Vento" carrega numa segunda sessão, uma simbologia rica, remetendo à Oxum, a orixá rainha das águas doces. Esse paralelo não apenas enriquece a narrativa visual com uma camada de significado cultural e espiritual, mas também celebra a força e a beleza das emoções humanas, expressas através das lágrimas que, ao invés de denotar fragilidade, transformam-se em símbolos de poder e renovação.


O título "Lágrimas ao Vento" encapsula perfeitamente a essência dessa série: a liberdade de expressar e sentir, a beleza na vulnerabilidade, e a transformação do efêmero em eterno. Cada imagem é uma ode à natureza transitória da vida e ao mesmo tempo, um testemunho da capacidade humana de encontrar beleza e significado mesmo nas experiências mais fugazes.

TEARS AT WIND

Foto: Dodô Villar